domingo, 30 de outubro de 2016

Corre...


Está aqui uma foto que me cria vontades…
Um dia quero voltar a correr num cenário assim… mas quero correr com as minhas pernas descobertas, desejo sentir a erva a passar nelas, deleitar-me com fino corte das ásperas e longas folhas na minha pele… quero correr por lá até me sentir dormente…


Vontades estranhas para muitos mas para mim são apenas memórias do tempo que em mim reinava a  inocência...

domingo, 17 de julho de 2016

Este foi mais um texto que fiz para o concurso de escrita criativa em que consistia em começar todas as frases com a palavra "não", mas por razões pessoais esteve escondido, agora faço questão de partilhar, na esperança de inspirar alguém... 


Não, não é fácil esconder o meu desejo, o meu corpo me trai de todas as formas mais perversas a minha mente brinca da maneira mais libertina que consegue alcançar e eu simplesmente nego ao mundo, tudo o que sinto.
kiss kiss 

Não é a palavra mais obscena de negar o que é inegável pelo meu corpo, o quanto o cheiro dele me faz apertar o baixo ventre, o quanto desejo o seu corpo no meu, o quanto a sua voz me adormece o consciente e me embala para um estado de hipnose.
“Não” é o modo de eu o desejar só para mim em segredo, e é em perfeita negação que nego o tamanho do desejo que o meu corpo sente por ele.
Não é a palavra que me faz querer mais, a palavra que me faz aguardar numa espera agonizante para a minha visceral libertação.
Não, não, não… eu não o amo, simplesmente o desejo de uma maneira carnal de um jeito animal sem nexo ou sentido, “não” é o método de guardar este segredo para mim, dentro de mim.

Alice

sexta-feira, 20 de maio de 2016

Memórias do corpo

Gostei muito desta frase, fez me questionar...
Fui novamente aquele "clube", talvez seja um dos locais onde mais me inspira, talvez pelas pessoas que o frequentam e pelas conversas ou temas que lá são expostos. Conversamos sobre sexualidade e como a educação nos molda aos parâmetros " normais ".
Por entre algumas confidências pessoais da sexualidade de cada um, ouve um rapaz que me disse a frase da noite, a frase que me faz escrever este texto. Ele me disse: " as memórias do corpo são as mais difíceis de apagar ".
Entrei em choque com as minhas crenças e com o meu conhecimento, revi a minha vida em questões de segundos.
Veio me a cabeça a questão dos amputados, mesmo sem o membro amputado sentem dor, por isso a frase tem o seu sentido.
Será que o nosso corpo tem assim tantas memórias? Será que somos marcados por memórias por tudo que nos dá sensações? Será possível haver memórias impossíveis de apagar? 
Questiono então outro tipo de memórias, aquelas memórias que nos marcam a alma, memórias que nos transformam que criam amarras invisíveis... Serão estas marcas da alma, o papel químico das memórias do corpo? 
De uma coisa eu sei, sei porque sinto e senti,  sei porque as vivo e vivi, somos peças de barro, somos moldados constantemente, por mais barro que nos acrescentem ou por mais alterações que façam, somos o que somos por todo o processo de construção que temos somos as memórias do passado...
As memórias do corpo não são controláveis, porque não são conscientes, claro que isto não serve de desculpa, mas para mim serve de consolo. Tomei a consciência que tenho memórias profundas em mim, memórias de uma vida vivida por mim que me marcou o corpo de memórias.

sexta-feira, 6 de maio de 2016

Este desafio constava em começar com a palavra "fica" e acabar com a palavra "fica"
_________________________________________________________________________


Fica. Disse-me ele, bem baixinho junto ao ouvido com a sua rouca voz, todo o meu corpo foi percorrido por um arrepio quente e pura antecipação, e excitação de desejo contido...
Como é que eu poderia não ficar, era tudo o que queria era ficar e me entregar a ele...
Vendada, todos os meus sentidos ficam mais alerta e mais apurados, ouço os seus passos, imagino os seus movimentos, sei que está imóvel, de costas virada para a janela, sei que ele me observa e admira a forma como a luz reflete no meu corpo, sei que observa a minha  respiração e como o meu corpo se move involuntariamente, sei o quanto isso lhe da prazer. Ficamos assim durante algum tempo, em silêncio, ele me observa, eu o descodifico através dos meus sentidos.
Fica. Disse-me ele novamente quando saí da minha posição para gatinhar até ele. Voltei rapidamente a minha posição, não queria por nada que ele me mandasse embora novamente, saberia esperar desta fez, ficarei o tempo que for preciso para o sentir novamente em mim.
Uma descarga de adrenalina percorre-me o corpo e cria-me arrepios, sinto-o a sorrir. Ele conhece-me, ele sabe mais dos meus instintos animais que eu própria, ele brinca com esse conhecimento de uma forma perversa, com um prazer sádico.
Sinto-o a deslocar-se ate mim. Ele fica a minha frente, e lentamente vem para trás de mim, abaixasse, sinto o seu corpo quente perto do meu, sinto a sua energia a fundir-se com a minha, ele cheira-me o pescoço, roça o nariz no meu cabelo beija-me a cabeça, e diz-me bem baixo e lentamente:
Vais ficar?
Queres mesmo ficar?
Estás preparada para ficar?
Reconheces que ficar significa seres minha?
Todo o meu corpo estremece de puro desejo, sinto o sinal na minha vergonha sair de mim.
Sim eu quero ficar... Respondi bem baixo...
Ele responde-me quase a tocar nos meus lábios:


Fica!

quinta-feira, 5 de maio de 2016

Este foi um desafios, escrever um texto, em que use pelo menos uma vez as seguintes palavras:

ferida
medo
beijo
canção
voo
amor
_______________________________________________________________

- Passamos pela porta e lá estava ela, amarrada em suspensão, tudo em mim estremecia em pura antecipação, o meu baixo ventre apertava num doce apertar, sentia-me pronta…
-Vamos entrar?  Estas palavras foram como uma canção de embalar para os meus ouvidos, era tudo o que queria no momento, queria descolar num voo sublime de entrega, queria entregar o medo dos meus medos, as minhas vontades, as minhas decisões, queria-me sentir livre de tudo, queria sentir o despertar do meu corpo, queria o beijo da corda na minha carne, precisava sarar a ferida do meu Eu…
-Sim vamos…                
Sentamo-nos no sofá e ficamos a observar toda a arte complexa do encordoar, como é belo o corpo suspenso, moldado, como é sublime o prazer que advém desse estado hipnótico.
Enquanto sentados absorvi tudo em meu redor, passei a mão pelo sofá, tive uma sensação que me acalmou pelo toque suave do veludo, inspirei profundamente, queria que aqueles cheiros de alguma maneira me contassem uma história em forma de segredo… cheiro a couro, cheiro a vela, cheiro a óleos, cheiro a prazer, cheiro a amor, cheiro a sexo, tenho na minha memória que cheirei o incheirável a adrenalina, as endorfinas e as dopaminas…
De repente saío deste estado de absorção total, demorei alguns minutos para me aperceber do que se estava a passar.
Acabara o “play” dela. O homem das cordas, perguntou em forma de convite:
- Alguém quer viajar? Estas palavras nem chegaram a ser proferidas até ao fim, eu saltei do sofá, quase num ato involuntário e me ofereci. Ele acena com a cabeça, todo o meu corpo foi invadido por puro desejo. Tirei a roupa rapidamente sem pudor, creio que até de uma forma pouco sensual, mas muito prática. Desloquei-me até ele, de frente para ele, percorri-o com o meu olhar de baixo a cima, quando os nossos olhares se cruzaram, sorri.
Ele perguntou:
-Estás pronta?
Aceno com a cabeça e digo um tímido sim…
Agora sim, a minha viagem começa.







Olha olha quem voltou!!!!

Pois é andei fugida do blog, e a razão foi um concurso de escrita criativa em que entrei.
Tendo em conta que o meu tempo é super limitado para a escrita o concurso apoderou-se dos minutos que me restavam daí a falta de publicações. Mas agora que acabou já posso publicar os textos, são pequenos textos não podendo ultrapassar as 300 palavras e tinham sempre em tema. Vou escolher alguns e publicarei, são sempre uma parte de mim... espero que gostem... kiss kiss



sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Orgulho, que me matas...

Será o meu orgulho mais forte que a minha vontade? 
Será que nesta luta quem vence é sempre o “eu” orgulhoso?
Será que alguma vez  encaro de frente este boi orgulhoso e o agarro pelos cornos?
Será que este meu orgulho tem prazer em ter orgulho?

Deparo-me constantemente com este meu orgulho perverso, e o pior é que,  já que o faço por orgulho, então que o faça da melhor maneira, dou 100% de mim, empenho-me em dar o melhor, em fazer da melhor maneira, lá porque o faço por orgulho então o orgulho, do "orgulho", é faze-lo bem, não só por fazer por orgulho, mas faze-lo para o calar.
Não sou pior pessoa para ninguém, apenas sou a pior pessoa para comigo... 
O meu orgulho é de dentro de mim para mim, tenho a necessidade de me superar constantemente, será por orgulho? Ou pelo desafio? Se é pelo desafio, então entro para ganhar, será por questão de orgulho?

Orgulho que me matas, 
Orgulho que me elevas, 
Orgulho que me castigas,
Orgulho que me premeias... 

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Por favor o senhor tem cinto?

Há dias assim... Dias que preciso urgentemente de me alinhar por-me em ordem, me equilibrar...
Por mais cigarros que fume, por mais quilómetros que corra, por mais chocolate que coma, por mais banhos que tome, nada mas mesmo nada me faz equilibrar,  como o cinto... A minha urgência era tanta que pensei que como seria fácil se fosse como pedir lume a um estranho para acender um cigarro...
-Por favor, o senhor tem lume?
Com o cigarro na mão, levanto ao nível dos olhos. O estranho pega no isqueiro acende a chama, aproximo me, com um passo firme. Já com o cigarro na boca baixo ligeiramente  a cabeça e os meus olhos fecham por poucos segundos, volto a abrir, aproximo o cigarro a chama, dou um trago, profundo longo e firme, sinto o fumo a entrar a queimar por mim, levanto a cabeça, baixam os níveis de ansiedade com um longo e prazeroso soprar... Agradeço com um simpático obrigada e um baixar de olhos... Sinto-me calma finalmente, agora resta-me desfrutar em plenitude...
-Por favor o senhor tem cinto?